Machu Picchu
- Carol Ussier
- 22 de mai. de 2017
- 9 min de leitura
Machu Picchu é o grande sonho de muita gente e está listado na bucket list da maioria das pessoas. Isso porque ele é o maior e mais complexo sítio arqueológico já encontrado/escavado do império Inca. Mas será que ele vale toda a fama que tem?
Valer a pena é claro que vale. É no mínimo muito impressionante olhar para aquilo tudo e pensar no que os Incas foram capazes de fazer lá no século XV. Existe muita história e muita coisa para aprender sobre os Incas e com certeza Machu Picchu é um dos melhores lugares para isso. Além disso, para mim particularmente o mais impressionante de Machu Picchu é ela estar localizada no meio de montanhas. E, não, “no meio” não significa em um vale, a cidade está em uma montanha (o que torna ainda mais incrível o fato de terem feito tudo isso tanto tempo atrás). Sem falar na paisagem, que é linda. Porém se o que você espera encontrar é um lugar calmo, com clima místico/mágico minha dica é chegar MUITO cedo (ou final de tarde) ou ir totalmente fora de temporada, pois Machu Picchu é um formigueiro humano. Eu preciso ser sincera e dizer que após 4 dias de Trilha Inca, conhecer Machu Picchu definitivamente não foi o ponto alto do trajeto. Claro que achei legal, mas me frustei por ter que ver tudo meio correndo e seguindo uma “fila” de turistas. Aquela expectativa de andar pelas vielas, divagando e refletindo sobre tudo o que aquele lugar representa não rolou para mim. Eu poderia ser mais uma pessoa dizendo o quanto o lugar é incrível, mas eu prefiro ser honesta e te preparar para ver mais turistas, câmeras fotográficas e paus de selfie do que ruínas. A boa notícia é que a partir de 1 de julho de 2017 novas regras de visitação foram implementadas (maiores informações abaixo) e prometem diminuir o fluxo de visitantes.

Por outro lado, a chegada na Porta do Sol - ou Intipunku (imagem acime) e a vista de lá são incríveis – uma experiência que recomendo para todos. Para quem não sabe, Intipunku era a entrada oficial de Machu Picchu durante o Império Inca e é por ela que nós chegamos depois de 3,5 dias de trilha. Eu não tenho como achar palavras para descrever como é a sensação dessa chegada. Você não sabe se chora, se grita, se ri sem parar ou se apenas fica lá parada, observando tudo aquilo. Eu acho que fiz um pouco de cada. Esse lugar sim, foi mágico para mim. A única forma de chegar a Machu Picchu por esse lugar é fazendo a Trilha Inca, mas se você quiser encarar as 1h30 de subida + 1h30 de descida, o mirante é gratuito e não há limite de visitantes, ao contrário das montanhas Machu Picchu e Huayna Picchu. Com as novas regras de visitação eu não sei direito como ficou o acesso. Assim que eu souber de mais informações eu atualizo aqui. Apesar da enorme fama e de já ter muita informação disponível por aí, sempre vejo pessoas ainda com dúvidas sobre Machu Picchu: como ir, com quanto tempo fazer reserva, quanto custa. Por isso deixo aqui um guia completo para você aproveitar da melhor forma sua experiência, seja ela qual for.
COMO CHEGAR A MACHU PICCHU?
Existem diversas rotas para Machu Picchu, de praticidade, dificuldade e custos bem diferentes. O que é importante saber é que em todas elas está incluído o valor da entrada à Machu Picchu (152 soles - ou ~USD 47 - e para estudantes 77 soles). Além disso, o ônibus entre Águas Calientes e Machu Picchu (tanto na ida como na volta) custa USD 12 por trecho e ele é opcional em todas as opções.
OPÇÃO 1: TREM
USD 180 - USD 300 A forma mais prática de todas é pegar um trem de Cusco a Aguas Calientes e de lá pegar o ônibus que sobe até Machu Picchu. Além de ser a mais prática, também é a mais rápida. Os preços do trem variam bastante dependendo do horário e se você quiser aproveitar bem Machu Picchu, recomendo passar uma noite em Aguas Calientes (assim pode subir à Machu Picchu bem cedo ou retornar bem tarde). Uma alternativa à esta opção, se quiser economizar um pouquinho é subir/descer os mais de 1000 degraus até Machu Picchu à pé, ao invés de pegar o ônibus. Para comprar as passagens de trem você pode acessar o site da perurail ou da incarail. Já as passagens de ônibus, você compra lá na hora mesmo (mas se tiver antes evita uma boa fila!).
OPÇÃO 2: TRILHA INCA
USD 420 – USD 660 | 40 km | 4 dias e 3 noites Essa é a trilha mais famosa para Machu Picchu e também a única forma de não chegar à Machu Picchu por Aguas Calientes. A chegada da Trilha Inca é pela Porta do Sol, como já comentei antes, e só isso para mim já faz a experiência ser incrível. Foi a opção que eu escolhi e por isso já tem vários posts por aqui sobre ela, contando todas as dicas práticas, como é cada dia do roteiro e também o que eu aprendi. Se essa for sua primeira opção prepare-se para fazer a reserva com pelo menos 5 meses de antecedência. Também existe a opção de fazer uma trilha de apenas 1 dia, chegando pela porta do sol. Eu pessoalmente não escolheria ela, mas você pode pedir mais informações nas agências.
OPÇÃO 3: TRILHA SALKANTAY
USD 250 – USD 350 | 70 km | 5 dias e 4 noites Se você demorou para reservar e já não tem mais vaga para a Trilha Inca, ou se quer fazer trilha mas acha a Inca muito cara, uma ótima alternativa é a Trilha Salkantay. Apesar de não ser um caminho feito pelos Incas e não ter ruínas, dizem que as paisagens são incríveis – passando por lago, montanha nevada e povoados. Aliás, a vista da montanha Salkantay parece ser o grande diferencial dessa trilha. Com relação a dificuldade, eu tenho a sensação (confirmada pelo meu guia da Inca) de que são experiências diferentes e é difícil comparar. A dificuldade é maior na Salkantay por ter altitudes mais elevadas. Por outro lado, em nenhum momento há uma subida tão pesada e com tanto desnível como o segundo dia da Trilha Inca. A última noite é em Aguas Calientes, de onde você subirá para Machu Picchu no 5º dia. Como eu não posso contar minha experiência própria, deixo aqui a recomendação do relato do pessoal do Me leva de leve, que conta como é cada dia. Se você já tem grande experiência com trilhas, também vale a pena saber que é possível fazer a Salkantay por conta própria.
OPÇÃO 4: HIDRELÉTRICA
220 soles (~USD 70) + pernoite em Aguas Calientes | 7 km | 2 dias 1 noite (ou 3d2n) Para quem morre de vontade de conhecer Machu Picchu mas acha todas as opções muito caras, é legal saber que existe uma rota alternativa. Por ser bem mais barata que qualquer outra opção, a trilha da hidrelétrica vem se tornando a queridinha dos mochileiros. A primeira parte do trajeto é entre Cusco e a hidrelétrica. É possível ir por conta própria pegando um ônibus do terminal terrestre até Santa Maria (em torno de 30 soles cada trecho) ou então reservar um lugar em um van em alguma agência. Hoje em dia quase todas as agências oferecem esser serviço e cobram cerca de 70 soles ide/volta. A van sai de Cusco por volta de 8h e chega à hidrelétrica por volta de 14h. De lá são 7 km de caminhada até Aguas Calientes, seguindo sempre a via férrea (cerca de 2h). Será necessário pernoitar em Aguas Calientes e subir no dia seguinte para Machu Picchu à pé ou de ônibus (USD 12 cada trecho). No retorno é super importante chegar à hidrelétrica no máximo 15h, ou você corre o risco de não ter mais van. Se você se interessou por essa opção e quer saber mais informações recomendo ler o relato da Mary do Vida Mochileira.
OPÇÃO 5: TRILHA INKA JUNGLE
USD 200 – USD 250 | 36 km | 3 dias 2 noite (ou 4d3n) Essa trilha segue a mesma rota da opção anterior, porém o trajeto até a hidrelétrica é feito de bicicleta ao invés de van. Ouvi alguns relatos de pessoas que fizeram essa trilha e o grande diferencial dela é a combinação de esportes de aventura, sendo que além de caminhada e bike também é possível fazer tirolesa e rafting (com custos adicionais). Uma dica super importante: algumas pessoas confundem essa trilha com a Trilha Inca, por causa do nome. Mas como deu para perceber, elas são completamente diferentes.
Ficou confuso com tanta informação? Segue um resumo dos valores praticados em 2016/2017 e o que está incluído em cada opção:

Vale ressaltar que tanto na opção de trem quanto na da hidrelétrica pode ser necessário passar uma noite em Aguas Calientes. Ou seja, não se esqueça de computar o valor da hospedagem também!
NOVAS REGRAS DE VISITAÇÃO (HORÁRIO MARCADO E MAIS!)
A partir de julho de 2017 passaram a valer as novas regras de visitação. Apesar de muita gente ter reclamado delas, eu acho essa uma boa tentativa não apenas de melhorar a experiência de quem está visitando mas principalmente para preservar esse patrimônio. Como eu comentei no início do post eu preciso confessar que fiquei bastante frustrada ao chegar à Machu Picchu. Tinha muita gente e, principalmente, pouco respeito às ruínas: vi lixo no chão, pessoas subindo em ruínas à procura da foto mais instagramável, muita gritaria, enfim, acho que deu para entender meu ponto. Nem todas as perguntas sobre as novas regras foram respondidas já, mas deixo aqui os principais pontos que mudaram:
Horário de visitação: o visitante deverá escolher um período para visitar Machu Picchu sendo eles o turno da manhã (6am até 12pm) ou o turno da tarde (12pm até 5:30pm). Ou seja, planeje super bem a opção que usará para chegar à Machu Picchu, considerando estas restrições.
Guia de turismo obrigatório: não será permitido ao visitante entrar no complexo sem estar acompanhado por um guia. Ainda não está claro se os guias serão todos do próprio sítio ou se é possível contratar um guia por fora. De qualquer forma, prepare-se para incluir este custo no seu orçamento (se você planeja fazer alguma das trilha, já terá um guia).
Não pode mais retornar: até agora era possível sair do sítio arqueológico - para comer ou ir ao banheiro, por exemplo - e depois retornar para explorar um pouco mais das ruínas. Agora isto não é mais permitido. Uma vez que você tenha saído do sítio, não poderá retornar.
E a mudança mais curiosa de todas e que para ser sincera eu acho MUITO interessante: o uso de pau de selfies será restrito a algumas áreas do sítio arqueológico apenas.
É POSSÍVEL SUBIR AS MONTANHAS HUAYNA PICCHU E MACHU PICCHU?
Sim. Para quem não sabe a Huayna Picchu é a montanha que aparece naquelas fotos mais famosas de Machu Picchu e é possível subir até o topo dela em uma caminhada de aproximadamente 1h30. Outra opção é subir a montanha Machu Picchu, que fica do lado oposto e é mais alta (cerca de 2h30 para subir). Se você quiser subir alguma delas precisa saber que além de serem pagas (USD 14) é super importante reservar com bastante antecedência, pois há limite de pessoas por horário. Para a Huayna Picchu (ou Wayna Picchu) existem 2 horários disponíveis (7h-8h e 10h-11h ) e apenas 200 pessoas são liberadas em cada. No caso da Machu Picchu o acesso é liberado durante todo o período da manhã para 400 pessoas. É imprescindível comprar estas trilhas no momento da compra do ingresso à Machu Picchu. Ou seja, se você for fazer alguma das trilhas lembre-se de avisar a agência para incluir alguma das montanhas. Já falei antes, mas vale reforçar que ao contrário destas duas montanhas, a trilha para a Porta do Sol está incluída no valor de visitação do parque.
QUAL É A MELHOR ÉPOCA PARA IR?
Eu costumo dizer que qualquer época é epoca de viajar. Se você só está disponível em algum mês específico, vai e aproveite! Mas se você tem flexibilidade então vale a pena saber como é cada mês e escolher aquele que se adapte melhor aos seus planos.
Dezembro, janeiro e fevereiro são meses de chuva. É claro que nunca sabemos e pode ser que você tenha sorte, mas no geral se você optar por ir a Machu Picchu nesses meses esteja preparado para se molhar. Esse é um fator bem importante principalmente se você planeja fazer uma das trilhas. Por outro lado, também são os meses de menor movimento. Eu já comentei sobre isso em um dos artigos sobre a Trilha Inca, mas vale lembrar que ela fecha todo ano em fevereiro para manutenção (mas Machu Picchu é aberta à visitação o ano todo). A alta temporada em Machu Picchu é entre junho e agosto, que coincidem com férias escolares na maioria dos países. Essa também é a época mais seca e é inverno na região. Eu posso falar um pouco melhor sobre início de maio, quando fui: durante a Trilha Inca cheguei a pegar temperaturas bem frias, mas quando chegamos a Machu Picchu estava um dia maravilhoso, com céu azul e temperatura agradável (nem muito calor e nem muito frio). Se me perguntarem, eu super recomendo essa época (abril/maio).

Machu Picchu foi o último destino do meu mochilão de 22 dias pela Bolívia e Peru. Depois de lá eu ainda tive 1 dia em Cusco e 1 dia em Lima, em uma longa escala no vôo de volta à São Paulo. Mas eu estava tão cansada, que confesso que nem saí do aeroporto em Lima. Foram 22 dias incríveis: 2 países, 8 cidades, 4 ilhas, 4 kg a menos, um braço quebrado, uma cicatriz na barriga, mais de 1.000 fotos, muitos novos amigos e muita, MUITA história para contar. Se você ainda não viu os outros artigos sobre este mochilão não deixe de ver a página sobre a Bolívia e a do Peru. Eu contei tim tim por tim tim sobre tudo da minha experiência, com coisas boas e ruins e deixei de presente em um dos artigos a planilha completa do roteiro com gastos detalhados.
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