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Trilha Inca: dicas práticas

  • Foto do escritor: Carol Ussier
    Carol Ussier
  • 4 de fev. de 2017
  • 8 min de leitura

A trilha inca era o momento mais esperado da minha viagem. Primeiro porque ela foi a única coisa que eu planejei com antecedência. Mas além disso fazer essa trilha fazia parte dos meus planos/sonhos desde 2004, quando eu e mais 2 amigos - ainda no ensino médio - decidimos que faríamos juntos. ​Infelizmente acabamos não indo juntos e eu só fiz a trilha mais de 10 anos depois. E foi incrível.

Se você é como eu e gosta de se planejar, sei que você deve ter mil e uma dúvidas sobre o percurso. É muito difícil? Quanto custa? Qualquer um consegue fazer? O que devo levar? Eu vou tentar responder a maior parte dessas dúvidas, mas já adianto: é impossível descrever as sensações vividas nos 4 dias por lá. ​Para tentar ser o mais detalhista possível, dividi esse relato em dois momentos: aqui vou falar sobre dicas práticas como agência, mochila, custo, entre outros e em um outro post eu contei como é a travessia dia-a-dia.

DROP DOWN MENU?!?!?

#1 COM QUANTO TEMPO DE ANTECEDÊNCIA É NECESSÁRIO RESERVAR?

Existem várias opções de trilhas pelo Valle Sagrado e em direção a Machu Picchu. A Trilha Inca (chamada de “Clássica") é muito disputada por ser a única que chega a Machu Picchu pela Porta do Sol, por conter inúmeros sítios arqueológicos na travessia e por ter sido uma trilha construída pelos Incas. Até hoje os degraus por onde passamos são (praticamente todos) ainda os mesmos do Império Inca. Portanto com tanta procura e muito a ser preservado, há um limite diário de 500 pessoas na trilha, contando com os guias, cozinheiros e portadores. Por conta dessa restrição é necessário garantir seu bilhete o mais cedo possível, com pelo menos 5 meses de antecedência. Eu fiz a trilha em Maio e fiz a reserva em Dezembro do ano anterior. ​ Se quiser saber a disponibilidade da trilha acesse: http://www.machupicchu.gob.pe .

#2 QUANTO CUSTA FAZER A TRILHA INCA?

Como tem muita procura e apenas 500 pessoas (~150 turistas) podem estar na trilha por dia, a travessia acaba sendo cara. Foi a coisa mais cara do meu roteiro, mas também foi a mais emocionante. O valor total (em 2016) variava entre USD 440 e USD 1.200 (dependendo da agência). Eu paguei USD 450 incluindo:

ITENS INCLUÍDOS

Acesso à trilha: USD 78 Entrada em Machu Picchu: USD 47 Ônibus Machu Picchu/Águas Calientes: USD 12 Trem de Águas Calientes a Cusco: USD 117

ITENS OPCIONAIS

Aluguel de saco de dormir: USD 10/dia Aluguel de bastões de caminhada: USD 10 Bebidas: 8 soles (água) / 12 soles (gatorade) ​Portador (por dia): 100 soles

EXTRA! É esperado que você dê gorjeta aos portadores/cozinheiro ao final do percurso. Nós demos uma quantia única, como grupo. Eu particularmente acho que é algo justo. O mercado da trilha tem uma hierarquia bem clara: agência > guia > cozinheiro > ajudante de cozinheiro > portador. E é claro que o dinheiro que pagamos fica em sua maioria com os primeiros dessa hierarquia.

#3 COMO ESCOLHER A AGÊNCIA?

Essa é uma pergunta bem importante e a dica é: procure por recomendações. Para entrar na trilha (Camino Inka) a agência precisa ser registrada no ministério da cultura. Porém mesmo entre as agências registradas pode haver diferenças principalmente com relação a: condições dos equipamentos (barraca), qualidade da comida oferecida, conhecimento do guia (existem muitos sítios arqueológicos no percurso) e preparo em caso de primeiros socorros. No site mochileiros.com existem diversos relatos de experiências boas e ruins. As agências mais recomendadas por lá são: 1) QORIANKA (foi a que eu utilizei e recomendo!) Website: www.qorianka-tours.com Contato: Mariela Ochoa - qoriankatoursperu@hotmail.com ​ 2) MARISOL - Amazin Adventures (super recomendada no mochileiros.com) ​Contato: marisolic@yahoo.com / amazinadventureperu@yahoo.com 3) LOKI TRAVEL Website: www.lokihostel.com/travel Contato: cusco_tourdesk@lokihostel.com

#4 QUAL É A MELHOR ÉPOCA?

A “melhor época” vai depender do que cada um procura. Por isso prefiro descrever cada período e assim você escolhe a época que melhor atenda às suas expectativas: OUTUBRO A MARÇO: época de chuvas (você pode passar os 4 dias caminhando debaixo de chuva), mas também a época com menos gente. Importante: em Fevereiro a trilha fica fechada para manutenção. ABRIL A JUNHO E SETEMBRO: clima mais estável, com temperatura amena (5 - 20º C) e eventuais chuvas passageiras. JULHO E AGOSTO: época mais fria (é inverno!), porém sem chuvas. É também a época mais cheia, por ser alta temporada. Minha mãe fez a trilha no período chuvoso e ela chegou a ter um episódio de hipotermia. Portanto a minha referência era muito ruim e eu queria evitar o período de chuvas. Também queria evitar a época do inverno. Por isso acabei indo no início de maio e SUPER recomendo (nós pegamos o clima ideal em cada parte do percurso).

#5 QUANTO TEMPO DURA?

A Trilha Inca clássica tem duração de 4 dias e 3 noites. Saímos de Cusco 6h30 da manhã no dia 1 e chegamos em Machu Picchu por volta de 10h do 4º dia. ​

#6 QUAL É O NÍVEL DE DIFICULDADE DA TRILHA?

Eu não sou nenhuma especialista em trilhas portanto o que vou dizer aqui é um relato pessoal, do que eu vivi e vi durante a trilha. Eu confesso que eu achava que a travessia seria muito mais difícil do que foi. Todo o percurso tem apenas 40 quilômetros, sendo que em alguns dias andamos 12 quilômetros e em outros apenas 8. Mas não é a distância que torna essa trilha difícil, é o conjunto altitude + desnível + degraus. ​

ALTITUDE Durante o 3º e 4º dias você vai passar 100% do tempo acima de 3.000m de altitude e isso pode causar algum tipo de mal estar como dor de cabeça, enjoo e falta de ar.

DICA: durante todo o tempo que passei na trilha eu fiquei com folhas de coca na boca. Ajuda muito! Atém de mascar as folhas, compre balas de coca também, beba bastante líquido e planeje um tempo em Cusco antes de ir para a trilha, para o que é chamado de “aclimatação".

​DESNÍVEL O ponto mais baixo da trilha está a 2.240m de altitude e o mais alto a 4.215m. Ou seja, são quase 2.000 metros de desnível que você precisará subir. O segundo dia é o pior de todos.

DICA: não precisa ser um atleta para conseguir fazer a trilha, mas eu aconselho pelo menos se acostumar a caminhar/correr um pouco antes. E o mais importante de tudo - faça a trilha respeitando o seu ritmo e seus limites. Quando ficava difícil, a cada 20 metros de subida eu parava por 15 segundos para recuperar o fôlego.

DEGRAUS 80% da trilha é com degraus, tanto para subir quanto para descer. E isso exige não apenas força muscular nas pernas como muita atenção.

DICA: Alugue uma dupla de bastões de caminhada. Na subida ela vai te ajudar com a força e na descida te ajudará a se equilibrar.

Durante a trilha eu cruzei com pessoas das mais diversas idades (tinha um grupo só com pessoas com mais de 60 anos), preparo físico e experiência. Se você tem medo por estar acima do peso ou não praticar atividade física com regularidade, não se limite! Talvez a trilha seja até uma motivação para você se exercitar mais. Eu recomendo fazer um preparo alguns meses antes da trilha, mesmo que seja apenas se acostumar a fazer caminhadas. E o mais importante de tudo: respeite seus limites!

#7 COMO É A ESTRUTURA DOS ACAMPAMENTOS?

Bom, para começar estamos falando de campings no meio de montanhas. Não espere luxo. Ou melhor, não espere nada. O que você vai encontrar normalmente são cubículos com latrinas e uma torneira. O banho vai ser de lencinhos umedecidos. Existe um acampamento na última noite que tem chuveiros e dizem até que tem água quente (Será?). Porém quando eu fiz a trilha a área estava em risco de deslizamento e por isso nenhum grupo foi autorizado a acampar lá. ​Fora as latrinas e as torneiras, não existe mais nenhuma estrutura fixa. As barracas e a estrutura para cozinhar serão levadas pela sua agência. Está aí mais uma razão para escolher bem a agência. ​

#8 E A COMIDA?

Isso vai depender 100% da sua agência. Nós comemos MARAVILHOSAMENTE bem. Sem brincadeiras, eu ousaria dizer que foram as melhores refeições do mochilão. O nosso cozinheiro sempre chegava nos acampamentos antes da gente para garantir que o almoço estivesse pronto. São 3 ou 4 refeições por dia, dependendo do dia. Nós tínhamos sempre um café da manhã com leite, chocolate, café, chá, pão, geleia, fruta e teve um dia que até queijo teve. A próxima refeição era o almoço, normalmente servido quando chegávamos ao acampamento do dia. Em cada dia tivemos um menu diferente (peixe, frango, macarrão, salada, quinoa…). No segundo e no terceiro dia eles também serviram um lanche entre o almoço e a janta, mas eu não comi (acho que um dia foi pipoca + chá). E na janta nós comemos sopa todos os dias de entrada e mais alguma coisas como prato principal. ​No 4º dia, como tínhamos que sair antes do café da manhã, eles nos entregaram uma sacolinha com lanchinhos (e nesse dia essa é a única refeição incluída). ​

#9 QUAL MOCHILA USAR?

A mochila é um item muito pessoal e vai depender muito de qual ficar mais confortável em você. Porém a principal recomendação que eu dou é: leve uma mochila de no máximo 40 litros. Como você viu (leia as perguntas anteriores) você não vai tomar banho durante a trilha. Portanto o ideal é levar a menor quantidade de coisas possíveis. O que você precisa para os 4 dias - incluindo o saco de dormir - cabe em uma mochila de 30/40 litros (máximo).

​A minha mochila era uma da Quechua de 30 litros. O tamanho dela foi perfeito e ela possui fechos na cintura/peito, o que ajuda a distribuir melhor o peso. A única coisa que eu senti falta nela foi de ter bolsinhos na alça da cintura, para poder colocar itens que eu precisava toda hora - como as folhas/balas de coca.

​Deixe sua mochila cargueira - ou a mala que você estiver usando para o resto da viagem - no hostel/hotel/agência em Cusco!

#10 O QUE LEVAR / QUE ROUPAS USAR?

No meu caso metade das coisas foram fora da mochila, vulgo no meu corpo, na maior parte do tempo. Por isso vou separar aqui (para não dar a impressão de que tudo tem que caber na mochila). ​

O QUE EU USEI A MAIOR PARTE DO TEMPO (veja as imagens abaixo para entender as camadas):

  • 1 legging (1ª camada)

  • 1 calça de trekking (2ª camada) - eu comprei uma genérica em Cusco por 80 soles!

  • 1 camiseta dry fit (1ª camada)

  • 1 camiseta térmica de manga comprida (2ª camada)

  • 1 fleece (3ª camada)

  • 1 anorak (4ª camada)

  • 1 par de meias de caminhada

  • 1 bota de caminhada - a minha é uma da Timberland - não esqueça de usar antes!

  • Boné/óculos de sol

  • Bastões de caminhada - aluguei na agência por USD 10

O QUE FOI DENTRO DA MOCHILA:

  • 1 calcinha extra/ 1 par de meias extra

  • 2 camisetas dry fit extras (eu usava a camiseta do dia seguinte para dormir)

  • chinelo (super útil nos acampamentos, para descansar da bota)

  • saco de dormir (eu levei o meu próprio mas é possível alugar na agência)

  • lanterna

  • acessórios de frio: luva e gorro

  • higiene pessoal: escova/pasta de dente, desodorante, repelente, protetor solar e protetor labial

  • lenços umedecidos (não esqueça!)

  • folhas de coca / balas (caramelos) de coca

  • snacks: barrinhas de cereal e barrinhas de chocolate (essas me salvaram quando eu precisei de energia!) - compre na parada em Ollantaytambo

  • garrafa de 1,5 litros de água - durante o percurso é possível comprar, mas é super caro! Eu levei o suficiente para o primeiro dia e depois comprei mais no caminho, para não carregar peso extra

  • isolante térmico (eu não levei e me arrependi muito! peça para a sua agência)

  • dinheiro (pelo menos 250 soles) e passaporte

Você ainda tem alguma dúvida que não foi respondida aqui? Me escreva e me ajude a deixar esse post o mais completo possível! Deixe um comentário ou entre em contato.

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Carol Ussier
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Uma mulher itinerante, que se encontra na diversidade, no coletivo e na profundidade. Morei por quase 7 anos na África Ocidental, onde me reconectei com minha expressão no mundo: a dança. Acredito na arte como ferramenta de transformação e de ativismo, e sigo pelo mundo tentando entender a relação dos povos com os corpos e a dança. 

 

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